Riscos psicossociais no trabalho: o que são e que impacto têm

Muitas vezes descurados na correria dos dias, os riscos psicossociais e o stress relacionado com o trabalho têm um impacto significativo no bem-estar dos colaboradores, na vitalidade das empresas e na sociedade em geral. Mas estes riscos podem ser prevenidos e geridos, com inquestionáveis melhorias para todos os envolvidos. Venha saber como!

 

Sobrecarga de tarefas, pressão de tempo, clientes exigentes, um ambiente de trabalho hostil… Estes são apenas alguns dos vários riscos psicossociais a que podemos estar sujeitos no dia-a-dia de trabalho e que, submetendo-nos a elevados níveis de stress, acabam por afetar o nosso bem-estar, tanto físico como emocional.

Fruto das mudanças ocorridas no mundo do trabalho nas últimas décadas, os riscos psicossociais são hoje um dos maiores desafios em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho. Porque a sua identificação exige um olhar atento e isento, porque nem sempre é clara a linha que separa um ambiente de trabalho desafiante de um ambiente de trabalho excessivamente exigente, porque o stress é muitas vezes encarado como uma falha pessoal do colaborador e não como um problema da organização.

De acordo com dados divulgados pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, o stress contribui para cerca de metade dos dias de trabalho perdidos em toda a Europa. A realidade seria bem diferente se todos – empresas e colaboradores – estivessem conscientes dos riscos e do que é necessário fazer para os evitar ou atenuar.

 

O que são riscos psicossociais?
Falamos de riscos psicossociais quando estamos perante um contexto de trabalho que pode ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social nos trabalhadores. Para os riscos psicossociais podem contribuir não só a existência de lacunas na conceção, organização e gestão do trabalho, mas também a existência de um contexto social de trabalho problemático.

São muitos os fatores que podem conduzir a riscos psicossociais. Cargas de trabalho excessivas, exigências contraditórias e falta de clareza na definição de funções, insegurança laboral, comunicação ineficaz, falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador ou falta de controlo na forma como este executa as suas tarefas, assédio psicológico ou sexual são apenas alguns exemplos.

Um ambiente de trabalho desafiante, que estimule os colaboradores a darem o seu melhor, que promove o bom desempenho e o seu desenvolvimento pessoal é positivo. Mas quando as solicitações ou exigências ultrapassam a capacidade de resposta dos trabalhadores, é inevitável que estes se comecem a sentir stressados e assoberbados.

Pior ainda quando esta exigência excessiva não é algo pontual, expondo os colaboradores a stress prolongado, o que acabará por afetar não só a sua saúde mental, mas também a física, podendo mesmo refletir-se em problemas de saúde graves, como doenças cardiovasculares.

 

Que impacto têm os riscos psicossociais nas empresas?
Desengane-se quem acha que os riscos psicossociais afetam apenas a vitalidade dos trabalhadores. Caso não previnam estes riscos, as empresas poderão ressentir-se com o fraco desempenho dos seus colaboradores, com o aumento do absentismo ou com o chamado ‘presenteísmo’, que ocorre quando os trabalhadores estão fisicamente presentes, mas incapazes de produzir ou funcionar eficazmente.

Importa ainda referir que o absentismo provocado por fatores psicossociais tende a ser mais prolongado que o decorrente de outras causas e o stress relacionado com o trabalho contribui frequentemente para a reforma antecipada. Estima-se que só em Portugal, os riscos psicossociais se reflitam em custos para as empresas e para a sociedade que atingem já os milhares de milhões de euros.

 

Como prevenir e gerir os riscos psicossociais?
Os riscos psicossociais são, atualmente, um dos aspetos mais desafiantes em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho. Mas tal não significa que estes não possam ser minimizados.

Em primeiro lugar, urge entender que os riscos psicossociais e o stress relacionado com o trabalho não são uma falha individual do colaborador, mas sim um problema organizacional. Só com esta abordagem se conseguirá controlar os riscos psicossociais da mesma forma que se controla qualquer outro risco de saúde e segurança nos locais de trabalho: de forma lógica e sistemática.

Além de um imperativo legal, a avaliação e o controlo dos riscos psicossociais é fundamental para a vitalidade das organizações. Mas apenas com o envolvimento das entidades empregadoras, colaboradores e serviços de Segurança no Trabalho se conseguirá uma maior perceção dos riscos que podem ocorrer no local de trabalho e aplicação de medidas devidamente adequadas e, portanto, mais eficazes.