Saúde Mental no Trabalho é fundamental para a vitalidade das empresas

Palestra realizada no final de setembro abordou a Saúde Mental no Trabalho de várias perspetivas e o que podem fazer as empresas para prevenir problemas e custos.

Só nos dois últimos anos, o stress e os problemas de saúde psicológica custaram às empresas portuguesas 5,3 milhões de euros, o que representa um aumento de 60% relativamente aos valores registados em 2020. E grande parte destes custos é provocada não pela perda de dias de trabalho, mas antes pelo “presentismo” – que ocorre quando os colaboradores se apresentam ao trabalho, mas a sua produtividade fica muito aquém das suas capacidades.

Os números constam do mais recente “Relatório do Custo do Stresse e dos problemas de Saúde Psicológica no Trabalho, em Portugal” da Ordem dos Psicólogos, e foram apresentados pela psicóloga do Centro Hospitalar do Oeste, Mafalda Guedes, na palestra Saúde Mental no Trabalho, promovida pela Fermabe no passado dia 27 de setembro.

No auditório da AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste juntaram-se cerca de nove dezenas de pessoas para refletir sobre aquela que deve ser uma das principais preocupações das empresas. Uma plateia composta na sua maioria por quem tem uma importante palavra a dizer na forma como as organizações lidam com a saúde mental – gestores, responsáveis pelos recursos humanos, técnicos de segurança no trabalho. A estes juntaram-se ainda vários alunos do curso de segurança e saúde no trabalho, bem como profissionais da área da saúde mental.

No decorrer da manhã, os oradores da palestra abordaram a Saúde Mental no Trabalho por diversos ângulos, demonstrando a importância do tema e quão premente este é nos dias que correm.

Luís Amorim, administrador da Fermabe, falou dos riscos psicossociais e do impacto que estes podem ter nos trabalhadores e nas organizações. Com o relatório da Ordem dos Psicólogos, Mafalda Guedes demonstrou bem a importância do bem-estar psicológico, e não apenas físico, dos colaboradores para o sucesso das empresas.

Já Sofia Nunes trouxe ao evento a perspetiva dos trabalhadores, com o relato na primeira pessoa do que é ser vítima de assédio moral numa empresa. Por fim, Simão Oliveira, investigador do LabRP – Laboratório de Reabilitação Psicossocial da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto realçou o que podem fazer as empresas para impedir os impactos dos problemas de foro psicológico no seu dia-a-dia, falando sobre “Burnout e Saúde Mental no Trabalho: Monitorização e Prevenção nas organizações”.

As várias perspetivas e a variedade dos temas abordados foram apontadas pelos presentes como pontos fortes de um evento em que, dada a importância do tema, muito mais haveria a dizer. E se há uma ideia-chave que podemos retirar do evento é esta: mais do que nunca, exige-se que a preocupação e procura pelo bem-estar dos trabalhadores, uma das maiores riquezas das organizações, seja uma constante nas empresas, sob pena de colocar em risco a sua sustentabilidade e viabilidade.